Como será a Igreja do futuro? O teólogo espanhol vislumbra que em 30 anos a Igreja (da Espanha) será uma instituição “mais fraca”, porém “mais evangélica”.
Entrevista com José Antonio Pagola
- Você se atreve a vislumbrar como será a Igreja na Espanha em 2050?
R.: Uma Igreja menor, fraca e vulnerável, com menos poder mundano, mas mais evangélica, tentando aprender a viver em minoria e começando a considerar a renovação de decisões que hoje nem ousamos imaginar.
- Que problemas na Igreja hoje podem ser resolvidos ou, pelo menos, aliviados por medidas concretas nas próximas três décadas e quais são difíceis de resolver? Chegará, por exemplo, à ordenação de homens adultos casados, ao diaconato feminino, à corresponsabilidade laical?
R.: Creio que esses problemas não serão facilmente resolvidos por decretos assinados por Roma ou por medidas tomadas nas cúrias diocesanas. É tarde. O problema real é que a fé está sendo perdida entre nós de uma maneira cada vez mais acelerada. As medidas tomadas só podem ser realizadas por crentes.
- Em uma década, segundo alguns relatos, é possível que existam dioceses que não tenha padres para servir às paróquias. Para o que esta situação leva?
R.: A Igreja do futuro não poderá mais se sustentar nos presbíteros. Não somente os padres estarão faltando, mas os seminários serão fechados. Deus está nos levando a uma Igreja não clerical. Será um grande passo em direção a uma Igreja mais evangélica. Mas, a partir de agora, temos que trabalhar para formar esses leigos, que serão o setor decisivo para o futuro da Igreja entre nós. O maior potencial para promover a renovação da Igreja no futuro está nos cristãos leigos e leigas das nossas paróquias. Eu me esforço para contribuir com os Grupos de Jesus para a maturação humilde de homens e mulheres leigos que possam ser sujeitos de uma renovação evangélica, introduzindo na Igreja o que o papa Francisco chama, na Evangelii Gaudium, de “um dinamismo evangelizador que age por atração”.
José Antonio Pagola há anos nos convida a retornar a Jesus, ao Evangelho. Seus livros são um complemento espiritual do qual milhares de comunidades bebem. Os leitores do semanário britânico The Tablet escolheram o seu livro “Jesus. Aproximação histórica” (PPC) como o livro do ano de 2017. Ele já vendeu desde a sua publicação em 2007, 130.000 cópias em castelhano e foi traduzido em uma dúzia de idiomas, incluindo chinês, agora em sua segunda edição .
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