quarta-feira, 22 de novembro de 2023

O PONTIFICADO DE FRANCISCO NA ÓTICA DO CARDEAL.

Os desafios dos 10 anos do Pontificado de Francisco foi marcado em 2023 na arquidiocese de Curitiba, PUCPR, no último dia 20/11 ás 19:30h, com o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, que participando do encontro com diversas lideranças da Igreja, Padres, seminaristas, religiosas, reitor, professores, leigos e a presença do bispo auxiliar de Curitiba, dom Zico (Reginei), e o arcebispo dom Peruzzo.

O cardeal e arcebispo de São Paulo, sob a introdução dos organizadores em meio á diversas perguntas; respondeu ás expectativas das perguntas, com foco nas marcas do Pontificado de Francisco e as perspectivas da herança para o futuro que no momento de Deus, vai dar muitos frutos.

Dom Odilo Scherer: Em cada tempo a Igreja tem o Papa que precisa para a sua época, foi assim no tempo do Papa Pio XII, no tempo de João XXIII, João Paulo II, Bento XVI e agora é Francisco e depois vem outro e assim a Igreja segue o caminho, em cada tempo, em cada época, e cada Papa, marca a sua época.

Antes de ser Papa, o arcebispo de Buenos Aires, Dom Jorge Mário Bergoglio foi coordenador de uma importante comissão que trabalhava no CELAM, durante o dia as conferências de Aparecida e durante a noite fazia a matéria para levar no próximo dia ao plenário e a partir dali, apareceu na comissão do texto a capacidade de Bergoglio em discernir e liderar equipe que culminou em apenas três semanas as conferências com o importante documento de Aparecida. 

Com a renúncia de Bento XVI, cinco anos depois do documento de Aparecida, aconteceu a eleição do Papa Francisco, março de 2013, e o primeiro grande documento que Francisco vai fazer, é, Pós Sinodal, sobre o Sínodo de 2012 que transcorreu sob o pontificado de Bento XVI, com o tema: A Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã, outubro 2012 e no mês de fevereiro 2013, Bento XVI renúncia e naquele momento o documento Pós Sinodal não estava pronto e coube ao Papa Francisco fazer a Exortação Pós Sinodal.

Em outubro 2013, saiu a Exortação Evangelii Gaudiam o documento traz as questões postas no Sínodo 2012, mais ditas pelo documento de Aparecida e isso é importante para percebermos a importância do Papa Francisco que leva para a Igreja universal a nossa Igreja católica às temáticas e percepções do nosso documento de Aparecida e projeta  para toda Igreja a Igreja da América Latina, com suas questões, suas preocupações, o modo de trabalhar e suas pontuações importante.

A princípio isso já mostra o primeiro aspecto de uma mudança enorme na Igreja, pois os Papas por séculos, milênios foram europeus, um ou outro do norte da África e oriente médio, mais sempre europeus e de repente o Papa é da América Latina e leva para toda Igreja o documento importante que leva a experiência do espírito vivido em um continente.

A segunda novidade que marca o Pontificado de Francisco é ser o primeiro Papa jesuíta; os jesuítas surgiram no século XVI e depois de 500 anos, temos o primeiro Papa jesuíta e isso é importante, pois temos a espiritualidade inaciana e o seu método que estão presentes no jeito de trabalhar do Papa Francisco. 

Na primeira Assembleia do Sínodo sobre a Igreja Sinodal, no mês outubro 2023, quem acompanhou percebeu que aconteceu uma mudança de método, em vez de debates o Papa Francisco introduziu o método da conversação espiritual onde o Papa os Bispos, Padres, religiosas, laicato todos sentam em mesa redonda para conversar e isso é a derivação do método inaciano que leva ao discernimento dos espíritos.

O método inaciano é uma espiritualidade para ouvir o que Deus está falando através das pessoas, liturgia e diversas circunstâncias e isso requer silêncio, oração, para  escutar, discernir e depois vem a decisão e ação.

Com a renúncia de Bento XVI, existia muitas críticas à cúria romana, existia até aqueles que advogava pedindo o fim da cúria e com a eleição de Francisco, muitos esperavam uma intervenção rápida através de decreto e os meses foram passando o Papa foi dando tempo ao tempo e após ouvir, discernir, decidiu, após oito meses, e entrou em prática o método inaciano e realizou a reforma da cúria, depois de muito ouvir.

O Papa Francisco tem o seu próprio método de trabalho que está transferindo a Igreja e pede muita oração pois o método não é mecânico intelectual, pois ver, julgar e agir é bom, mas é preciso o Espírito Santo e muita oração: ver, ouvir, discernir..

Francisco zela pela unidade da Igreja e tem um carinho especial que é promover e relançar a missão da Igreja e isso aparece claramente na Exortação Apostólica Evangelii Gaudiam, através da Igreja em saída, pois a Igreja é Missionária por Natureza e ai a importância da dimensão social da evangelização, com gestos e atitudes concretas que valorize e ajude os pobre.

A missão da Igreja está longe de ser atingida pois de 8 bilhões de pessoas que estão na casa comum apenas cerca de 3 bilhões são cristãos.

Com a reforma da cúria romana o dicastério mais importante é o da Evangelização e dentro esta a doutrina da Fé, que é o dicastério para a missão da Igreja e isso precisa também ser refletido na organização da Igreja com a caridade, pois a Igreja existe também para ser testemunho de caridade e assim a reforma da cúria é reflexo da eclesiologia para a compreensão do que é Igreja e como a Igreja deve ser.

O anúncio da Palavra, o testemunho da caridade e a santificação são os três grandes serviços da Igreja e o Papa coloca em primeiro lugar o anúncio da Palavra, pois sem o anúncio da Palavra não á Evangelização e sem Evangelização não tem a FÉ e sem Fé não vai despertar a caridade e a santificação.

A terceira marca do Pontificado de Francisco é uma Igreja mais Sinodal e a partir dai o Papa desde o início do pontificado começou a participar das reuniões e começou a falar do mal do clericalismo e o que é clericalismo? É uma Igreja clerical onde tudo é feito pelo clero e Francisco começou a falar que isso é um desvio da Igreja pois a Igreja não é uma instituição clerical e sim uma organização de todo povo de Deus, de todo batizado e não de um grupo de afinidades do clero e por isso a importância que estamos vivendo com o tema da Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão.

Comunhão: Todos unidos em torno de Cristo com a Palavra de Deus e os sinais visíveis de comunhão.

Participação: Igreja Sinodal, Igreja participativa, ninguém de braços cruzado, cada um fazendo com alegria a sua parte.

Missão: É o sentido da Igreja Sinodal que Francisco está buscando e de onde o Papa está buscando isso? Do Concílio, da Constituição dogmática Lúmen Gentium, do Concílio Vaticano II, é dai que vem a inspiração que claramente quer viver o Papa Francisco na prática.

Outra marca dos 10 anos do Pontificado de Francisco é o enfrentamento das questões morais do clero na Igreja e da vida religiosa, com a questão de abuso sexuais, abuso de autoridade e a questão da administração, sendo administração pouco clara, pouco compartilhada para conhecimento da Igreja e isso são questões moral muito séria e por isso Francisco está trabalhando muito nisso e no momento ainda não está se falando disso, mais vai começar a se falar muito dessa questão que claramente é muito sério é evidente que as questões é coisas que não estão resolvida, pois são questões humanas e onde tem pessoas os problemas aparecem, porém á uma nova vigilância sobre essas questões para que se tenha um zelo pastoral e não aconteça essas questões de abusos com pessoas que são vítimas.  

Porém existe a questão da transparência dos bens da Igreja e por isso a participação de todos para com os bens da Igreja, para que o patrimônio não seja uma questão clerical e sim compartilhado com os conselhos, conforme prevê as normas do direito canônico e todos precisam ter os conselhos de assuntos econômicos com leigos peritos para que tudo seja feito e conhecido de forma transparente e o enfrentamento das questões morais é duro, mais é expor á público as feridas e aceitar que temos problemas e precisamos fazer o que for necessário para corrigir, superar e evitar.

Por último em síntese, o cardeal de forma firme e com elegância, falou das marcas do Papa da misericórdia e da solidariedade, o Papa das periferias e da casa comum, que por procurar viver o evangelho é tachado de comunista e que é muito estranho pois ás críticas e perseguições é feitas por pessoas que se dizem católicas e estão na Igreja e procuram desautorizar o serviço de comunhão e da missão da Igreja, para que não acreditem no Papa e sim neles e isso é cisma e esperamos que isso se acalme e que a liturgia desse próximo domingo de Cristo Rei do Universo é um momento oportuno de reflexão para cada um de nós refletir, que um dia o juiz vai julgar a cada um e dirá; Eu tive fome e vocês me deram de comer ( Mateus 25:31-46) e assim o cardeal encerrou a reflexão, passando a palavra ao arcebispo de Curitiba. 

Dom Peruzzo: Sempre que a Igreja, passou por tempos difíceis, começou por onde? Atos 15 e lá com os debates e confrontos é bom lembrar que antes do primeiro concilio de Jerusalém o fariseu sábio, disse: que não aconteça de estarmos combatendo o Espirito Santo.

Falar só o que vale mais do que o silêncio e rezar pelo Papa e de forma breve, levou todos a refletir, fazendo menção á site, que não importa o que o Papa faça ou quem seja o Papa, eles criticam.


Matéria: Tarcísio Cirino

Parabéns ao Papa Francisco pelos 10 anos de Pontificado!