Independência: quando a democracia se encontra com a liberdade
Ipameri (RV) - “Independência ou morte!“: o grito de Dom Pedro às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, culminou com a libertação do Brasil dos braços de Portugal. Mas esta data e a instauração do Império fariam da colônia um país livre num futuro próximo?
O processo de independência começara naquele mesmo ano, quando Dom Pedro se recusou a voltar a Portugal, em 9 de janeiro, o conhecido “Dia do Fico”. “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”.
Cento e noventa anos depois, mais do que uma data comemorativa para os brasileiros festejarem a liberdade, o 7 de setembro passou a ser um dia de protestos. Hoje os brasileiros estão lutando por outras conquistas: mais saúde, mais educação, mais segurança, por empregos, por habitação, por uma vida mais digna.
É a democracia que se encontra com o grito de liberdade. E hoje, este dia se chama Grito dos Excluídos. Quem fala é Dom Guilherme Werlang, Presidente da Comissão Episcopal Caridade, Justiça e Paz, que explica como nasceu este evento.
“O grito dos Excluídos nasceu na década de 90, em 1995/6, como consequência da 2ª Semana Social Brasileira e das Campanhas de Fraternidade de 1994/95. Nós estamos este ano no 18º Grito dos Excluídos e trazemos como tema “Queremos um Estado a serviço da nação. Que garanta direitos a toda a população”. Este tema é escolhido e elaborado deste jeito para estar em sintonia e ampliar o tema da 5ª Semana Social Brasileira, que estuda a questão do “Estado para que e Estado para quem?. A democratização do Estado brasileiro”.
“Neste grito dos Excluídos, temos uma programação diferente em cada parte do Brasil de acordo com as realidades, para ouvir os diversos Gritos do povo. Por exemplo, os povos indígenas, os quilombolas, os pescadores, os ribeirinhos, os pequenos agricultores, os pertencentes a Movimentos ligados à terra, os pequenos proprietários: são tantos Gritos diferentes. Temos o Grito da Educação... agora mesmo há a greve dos professores universitários e servidores públicos... temos o Grito na questão da Saúde. O Governo Brasileiro, o Estado, libera milhões e milhões, às vezes até bilhões, para iniciativas privadas, para grandes empresas, especialmente na área dos minérios, e ao mesmo tempo, às vezes não tem o dinheiro para as necessidades básicas. Então se fazem obras faraônicas, como Belo Monte, a grande hidrelétrica que é um atentado à inteligência humana: construir isto no meio do Pará, no meio da Amazônia, desalojando indígenas, prejudicando imensamente o meio ambiente com um impacto ambiental terrível; a transposição do Rio São Francisco, enfim, sem contar a questão da preparação para a Copa do Mundo e outros grandes eventos esportivos que o Brasil vai sediar”.
“Fazem-se deslocamentos às vezes de bairros, de vilas, ou favelas inteiras... É um Estado, o Brasil, que não privilegia a população brasileira, mas os interesses do capital. Por esta razão, nós escolhemos este tema, e ele está sendo realizado já durante toda a Semana da Pátria, com a culminância na maior parte dos lugares do Brasil, no dia 7 de setembro, quando celebramos a independência do Brasil”.
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