quarta-feira, 29 de abril de 2020

ARTIGO: COMUNICAR A FÉ - PE.ELISEU WISNIEWSKI CM

Uma resenha de Eliseu Wisniewski sobre o livro Comunicar a fé: por quê? Para quê? Com quem?, de Moisés Sbardelotto.

Para o cristianismo o atual cenário mundial – diversificado, complexo e mutante – representa um enorme desafio. O fim da “cristandade” e o advento do pluralismo cultural e religioso sacudiram mentalidades, comportamentos e posturas e, com isso, geraram a perda de chão, a crise de referências, nas certezas e nas identidades. O impacto das mudanças coloca a Igreja diante da ineficácia das mediações através das quais a missão da Igreja se concretiza e manifestam o Reino de Deus (cf. Mc 6,7).
Frente a isso muito já se discutiu e se refletiu sobre a missão e a presença da Igreja no atual momento histórico. Apesar das mudanças radicais pelas quais estamos passando, sem o discernimento feito a partir da fé e condizentes com o Reino de Deus, corremos o risco de nos apegar a mediações anacrônicas, descontextualizadas, defasadas, obsoletas. Quais são as melhores mediações para responder e transmitir os dados da fé em um mundo como o atual sem a tentação de nos deixar levar pelos imediatismos, pragmatismos, providencialismos, fundamentalismos, relativismos e indiferença? Eis a pergunta a ser feita.
Moisés Sbardelotto jornalista, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, mestre e doutor em Ciências da Comunicação – Unisinos, professor colaborador do PPG em Ciências da Comunicação – Unisinos, palestrante, tradutor e consultor em Comunicação para diversos órgãos e instituições civis e religiosas – na obra: Comunicar a fé. Por quê? Para quê? Com quem? –, páginas que “nasceram de um caminho comunicacional de escuta, acompanhamento e diálogo sobre a missão e a pastoral da Igreja” (p.12), coloca-nos diante do “desafio de aprender e apreender o estilo cristão de comunicar a fé” (p. 13).
O autor, partindo da premissa que o ser humano é um ser comunicacional (p. 11), entende que neste período histórico comunicar é uma tarefa repleta de possibilidades e desafios (cf. p. 11), uma vez que “os processos de comunicação são os mais diversos e interagem entre si de modo cada vez mais complexo” (p. 11). Daí a relevância da reflexão proposta pelo autor, acompanhada de algumas provocações: qual o papel da Igreja e de cada cristão e de cada cristã em relação a isso; e, em meio a tanta conectividade, por que as pessoas não são mais felizes e realizadas em seus vínculos; por que as sociedades não se mantêm mais coesas e harmônicas; e por que o mundo não se torna mais solidário e pacífico. Então, a pergunta: como reanimar nas pessoas a alegria de viver e conviver?
Como resposta às interrogações, Sbardelotto propõe a fé cristã – fé na vida, fé em Alguém, fé que se comunga e se comunica (cf. p. 12). Um referencial disto é o Papa Francisco: “uma pessoa que, ao mesmo tempo, entusiasma e realimenta a fé e também desafia a própria noção eclesial de comunicação” (p. 12). Inspirando-se na práxis comunicacional de Francisco, que “se explicita em suas ideias encarnadas em ações” (p. 13), o autor reflete sobre a comunicação cristã, eclesial e pastoral e propõe algumas “releituras dos textos do papa a partir do olhar comunicacional sobre a ação evangelizadora da Igreja” (p. 13). Faz notar, ainda que, “deixando-nos guiar pelo pensamento-ação de Francisco, seremos convidados a experimentar a alegria do Evangelho e também a aprender o estilo cristão de comunicar a fé, com alegria, ao mundo de hoje” (p. 13).
O livro está dividido em três partes, sendo prefaciado pelo padre jesuíta estadunidense James Martin, colunista da revista America e consultor do Dicastério para Comunicação do Vaticano. Para Martin, “entender o discernimento é fundamental para entender a comunicação da fé hoje” (cf. p. 7-9).
Na primeira parte, Comunicação e fé hoje: por quê? Para quê? Com quê? (p. 15-58), busca-se, através de oito (8) provocações a partir de uma releitura comunicacional de alguns trechos bíblicos, repensar a ação evangelizadora como ação de comunicação. Reflete-se assim sobre:
1) as raízes cristãs da Comunicação (p. 17-19);
2) a comunicação como ação cosmogênica (p. 20-22), a comunicação como ação ecológica (p. 22-25), a comunicação como ação alterizante (p. 25-30);
3) os relatos da Anunciação e Encarnação de Jesus (Lc 1,26-38) os cinco eixos da comunicação: a) comunicação é construção de sentido (p. 31-32), b) comunicação é uma dinâmica alterizante (p. 32-33), c) comunicação é diálogo e discurso em tensão criativa (p. 33), d) comunicação é processo em “beta aberta”: complexo, histórico, infinito (p. 33-34), e) comunicação é transformação da realidade (p. 34-35);
4) a comunicação encarnada de Jesus: a) linguagem do povo (p. 38-39), b) linguagem do corpo (p. 39-41);
5) a espiritualidade encarnada do comunicador cristão (p. 42-45);
6) não à mundanidade comunicacional (p. 46-49);
7) a relação entre evangelização e marketing: “evangelizar não é mercadejar” (p. 50) – a autêntica evangelização como comunicação cristã no contexto da cultura do descartável – entende que : a) a comunicação cristã é dom (p. 51-52), b) a comunicação cristã é um encontro (p. 52); c) a comunicação cristã é gratuita (p. 52-53); d) a comunicação cristã é alterizante (p. 53);
8) os limites de um catolicismo de massa: a) superficialismo e barateamento (p. 55-56), b) proselitismo e sectarismo (p. 56-57), c) clericalismo e exibicionismo (p. 57-58).
Na segunda parte, A alegria de comunicar: o Papa Francisco e a comunicação (p. 59-132), busca-se, numa perspectiva comunicacional, analisar os principais documentos do pontificado de Francisco. Em cada um destes documentos, olha-se primeiramente para as suas características gerais e, num segundo momento, seus aspetos comunicacionais. Das seis (6) reflexões que compõem esta parte, faremos breves acenos:
1) A comunicação do Papa Francisco, dos gestos às palavras: seus gestos (nome e a inclinação; o primeiro encontro com comunicadores, a primeira entrevista televisiva, a primeira carta aberta, a primeira entrevista impressa) explicitam intuições para o agir comunicacional de toda a Igreja, encarnadas no encontro – diálogo sem exclusão (p. 61-68);
2) Evangelii Gaudium: um estilo evangelizador para a comunicação da fé hoje: é um documento abrangente e programático para a vida eclesial neste período histórico. Uma exortação que traz a marca da alegria pela presença de Deus junto do seu povo e da liberdade, da diversidade, da pluralidade e da multiplicidade dos fiéis que se deixam conduzir pelo Espírito Santo e nele encontram a unidade, sem particularismos nem exclusivismos (cf. p. 69-82);
3) Laudato Si’: desafios e possibilidades de uma ecologia comunicacional: para Francisco, a comunicação envolve um nível antropológico, um nível ecológico e também um nível cosmológico. A ecologia comunicacional favorece uma experiência humana mais consciente e crítica, que não simplifica os problemas em dicotomias empobrecedoras. Reconhecer o lado técnico (dos elementos não humanos) e social (dos “outros” humanos) de toda comunicação é favorecer a construção de relações mais saudáveis, na consciência de que tudo está interligado ( cf. p. 83-93);
4) Amoris Laetitia: como comunicar o Evangelho da família hoje: o Evangelho da família não é uma boa noticia apenas para o casal e os filhos. Seja a dois, seja em família, é preciso vencer a autorreferencialidade familiar e buscar, sempre, uma “comunicação em saída” ao encontro do outro, das outras famílias, da sua linguagem e de seu contexto de vida. A família se torna sujeito da ação pastoral quando anuncia o Evangelho a outros, especialmente através do testemunho (cf. p. 94-111);
5) Gaudete et Exsultate: a santidade na comunicação do cotidiano: a santidade também é comunicação (p. 112). Santificar-se pela comunicação significa apaixonar-se por comunicar a beleza e alegria do Evangelho. Em um mundo cada vez mais marcado pelo ódio e pela violência, pela depressão e pela ansiedade, esperam-se comunicadores pacíficos e alegres, pacificadores bem-humorados e comunicativos. Assim nos santificamos pela comunicação e por comunicar a santidade (cf. 112-123);
6) Christus Vivit: por uma comunicação eclesial jovem com os jovens: um texto que desafia a Igreja a olhar para os jovens e para as juventudes não apenas como “receptores passivos” da comunicação da Igreja, mas como sujeitos ativos e criativos da mesma comunicação de que “Cristo vive”. Em termos comunicacionais, os jovens levam a Igreja inteira a pensar e a praticar estilos e linguagens (cf. p. 124-131).
Por fim, a terceira parte, Comunicar o Evangelho em tempos de redes (p. 133-183) é composta de sete (7) reflexões, nas quais leva-se em consideração o ambiente comunicacional contemporâneo e propõe-se um aprofundamento das mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais:
1) a revolução da ternura e a necessidade de uma comunicação encarnada: para Francisco, a encarnação não é apenas um conceito teológico. É uma realidade história que não nos deixa inertes. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura (Evangelii Gaudium, n. 88). Esse também é o desafio comunicacional que a Encarnação lança a cada cristão e cristã: encarnar mediante gestos, palavras e símbolos, a ternura de Deus. Uma verdadeira revolução, que passa pela carne, em seu sentido mais profundo, pela realidade concreta de cada irmão e irmã que devemos tocar e pela qual devemos nos deixar tocar, como fez o próprio Jesus, Deus feito homem (cf. p. 135-137);
2) Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2014: na sua primeira mensagem para este dia, Francisco convidou a viver a comunicação como proximidade. A construção de uma autêntica cultura do encontro passa pela proximidade, pelo diálogo e pela ternura. Desta forma os comunicadores são convidados a serem samaritanos comunicacionais, superando a intolerância com a proximidade (cf. p. 138-147);
3) Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2015: nessa mensagem, Francisco relê a comunicação contemporânea a partir da família, “primeiro lugar onde aprendemos a comunicar” e em que começamos a construir os nossos contatos com o mundo. Assim, a família se torna a primeira escola de comunicação, o ambiente de relação e de convivência, sujeito que comunica. Nesse contexto, a relação entre comunicação e família se desdobra em três aspectos principais: a comunicação na família; a família na comunicação e a família comunicadora (cf. p. 148-154);
4) Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2016: celebrando o Jubileu de Ouro do Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa dedicou o texto desse jubileu ao tema da Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo, no âmbito do Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia. Na mensagem, ele relembra que a misericórdia é o traço característico de todo o ser e agir da Igreja. E isso envolve também a comunicação eclesial, que deve ser igualmente misericordiosa, portadora da força de Deus, graças a qual se constroem uma sociedade, uma cidadania e uma humanidade compartilhadas. Essa comunicação misericordiosa leva, principalmente, a uma opção comunicacional pelos pobres, a uma comunicação que elimina todas as formas de fechamento e desprezo, e expulse todas as formas de violência e discriminação. O convite a uma comunicação que reconheça os pobres também como agentes da construção de uma sociedade inclusiva e pontifícia, de uma cidadania responsável e alterizante, e de uma familiaridade próxima e cuidadora (cf. p. 155-159);
5) Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2017: nessa mensagem, o Papa Francisco elevou a metáfora a “forma de misericórdia” de comunicação, capaz de abrir um “espaço de liberdade” para o outro com que se comunica. Apresenta-se desta forma o ícone da Boa Notícia, ou seja, o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. A partir dessa imagem, ele convida a buscar um estilo comunicativo aberto e criativo, mediante uma abordagem propositiva e responsável dos fatos. O pontífice convoca e encoraja a todos, no seu dia a dia, a oferecer relatos permeados pela lógica da boa notícia (cf. p. 160-164);
6) Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2018: nessa mensagem, ele contrapõe dois tipos de entender a prática da comunicação. Por um lado, a comunicação é vista a partir do projeto de Deus, segundo o qual ela é entendida como uma modalidade essencial para viver a comunhão. Por outro, a partir do egoísmo orgulhoso, isto é, um modo distorcido de usar a própria faculdade de comunicar, que provoca uma alteração da verdade, em suma, a falsidade. Nessa perspectiva, o autor reflete sobre o sentido relacional da verdade e as fake news como construção da falsidade ou desconstrução da verdade (cf. p. 165-171);
7) Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2019: nessa mensagem, o papa reconhece que desde quando se tornou possível dispor da internet, a Igreja sempre procurou promover o seu uso a serviço do encontro entre as pessoas e a solidariedade entre todos. Sendo assim, o ser-em-relação é abordado a partir de três metáforas principais: a rede, a comunidade e o corpo (cf. p. 172-183).
Está aí um livro muito interessante, que versa sobre um tema fundamental para a evangelização no contexto atual em que a Igreja é interpelada pelas mudanças trazidas à sociedade contemporânea pela revolução digital. Sabemos que a Igreja no Brasil vem realizando um esforço de reflexão sobre a ação evangelizadora como prática de comunicação, tendo como horizonte uma comunicação aberta ao diálogo com o mundo, a pessoa, a sociedade e suas tecnologias.
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 salientam que a evangelização do mundo urbano não pode prescindir da questão da comunicação: “Para ser missionária, a comunidade eclesial necessita também se inserir ativa e coerentemente nos novos areópagos, dentre os quais se encontram as redes sociais. Com um olhar propositivo, é imprescindível reconhecer as oportunidades para a propagação do Evangelho que a cultura midiática oferece. São novos recursos, linguagens e meios para evangelizar. Entretanto, é indispensável agir com discernimento, pois o próprio consumo de informação superficial e as formas de comunicação rápida e virtual podem ser um fator de estonteamento que ocupa todo o nosso tempo e nos afasta da carne sofredora dos irmãos. Além disso, possibilitam a difusão de notícias e informações mentirosas, as fake news, de forma rápida e com graves consequências para as pessoas, as comunidades e a sociedade”. Nesse sentido, o Papa Francisco convida a tomarmos consciência de que somos membros uns dos outros (Ef 4,25), por isso é necessário restituir à comunicação uma perspectiva ampla, baseada na pessoa, onde a interação é entendida sempre como diálogo e oportunidade de encontro com o outro. Uma comunidade é uma rede entre as pessoas em sua totalidade” (cf. n. 118).
O livro nos chega a momento oportuno. O nível de informação é gigantesco, e as pistas pastorais são inumeráveis. Despojado das armaduras acadêmicas, sem sofisticações e complicações, os conteúdos abordados nos capítulos deste livro são acessíveis e profundos. Aborda amplos problemas e permite ampliar e aprofundar a compreensão da comunicação, trazendo a contribuição do pensamento do Papa Francisco para esta temática (especialmente em suas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais). Trata-se de um livro precioso para quem quer aprofundar os caminhos da reflexão sobre a comunicação em âmbito católico.
Numa nova edição – uma correção e uma sugestão. Correção: na página 9: em vez de inácio = Inácio. Sugestão: ajudaria ao leitor  se fossem incluídas notas explicativas de expressões pouco conhecidas/usadas por um leitor não acostumado com algumas expressões, como por exemplo: bitspixels (p. 123), ciberbullying (p. 128) e a tradução de frases em latim, como por exemplo a que se encontra na p. 131: “nova semper quaerere et parta custodire”.
Enfim, reafirmo, é uma obra valiosa, sumamente recomendável a todos os que estão empenhados em comunicar a fé, sobretudo neste tempo de isolamento e confinamento por conta da pandemia do coronavírus, em que a Igreja se vê desafiada a repensar seu estilo e seus métodos evangelizadores.
Neste contexto, em que as comunidades cristãs voltaram seu olhar e suas energias para o ambiente digital – uma vez que os recursos tecnológicos nos ajudam a suprir a distância física neste período de cautela – esta obra merece atenção e cuidadoso estudo com grandes benefícios para a Igreja do Brasil.
Eliseu Wisniewski*                                                                                         
Rua Pedro Gawlak, 174
83704-560 Araucária, PR/BRASIL
E-mail: eliseu.vicentino@gmail.com


* Presbítero da Congregação da Missão Província do Sul (padres vicentinos), mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) e Professor na Faculdade Vicentina (FAVI).

Fonte: Editora Vozes

terça-feira, 28 de abril de 2020

REFLEXÃO: 1° DE MAIO 2020 - ESCRAVIDÃO DOS NOVOS TEMPOS

Prezadas/os, 

Este 1º de maio de 2020, como todas outras comemorações deste período de quarentena pela contenção da pandemia da COVID-19, tem característica diferente dos demais. Talvez seja a primeira vez na história desde 1886, que essa data não terá manifestações nas ruas ou romarias. 


A memória do dia internacional das trabalhadoras e dos trabalhadores neste ano será em nossas casas, com nossas famílias e nas redes sociais para os que puderem acompanhar. E outros estarão nos postos de trabalho a serviço da vida. Deste modo, o subsídio que apresentamos tem uma característica de estudo, de reflexão, interação na família e nas redes sociais. 

A Colegiada Nacional da PO escolheu como tema A ESCRAVIDÃO DOS NOVOS TEMPOS: A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO. Esse tema traz a preocupação com os novos arranjos em torno do trabalho, sem direitos, sem remuneração digna, sem proteção. A pandemia da COVID-19 acentuou essa questão. Famílias trabalhadoras na informalidade,  sem direitos, que estão sobrevivendo graças à solidariedade de outras pessoas. Expôs a ferida aberta do capitalismo, da “modernização neoliberal” que aplicou reformas no campo do trabalho, que retira direitos da classe trabalhadora. 
Refletiremos sob o lema LIVRAI O EXPLORADO DA MÃO DO OPRESSOR (Jr 21, 12). Se a função das autoridades é defender a vida e o direito dos pobres, quando isso não acontece Deus age contra elas. Esperamos e acreditamos que o direito seja restabelecido e a justiça seja a medida.
Todavia, isso é fruto também da luta, da organização, da solidariedade. Quando a classe dos patrões pede o fim do isolamento e o retorno ao trabalho em meio à pandemia, mesmo empresários de grande capital financeiro, significa que “eles/as sem nós não geram riquezas”. 
A força da produção está em nossas mãos, mentes e corações. Por isso, a organização, a formação e a solidariedade são tão importantes para que não deixemos o valor do trabalho ser substituído por uma nova escravidão: precarização. 
Por isso, preparamos um material com textos, orações, poesias, reflexões, que possam ajudar a construir pensamento crítico, empoderar consciência de classe, provocar novos estilos de vida, construir o “novo céu e nova terra” em mutirão. Desejamos que esse seja canal de reflexão para você que o acessa, que discute com outras pessoas, e que possa também nos enviar suas reflexões, percepção sobre o tema, experiência ou o que desejar. 
Boa reflexão e inspiração para nossa ação comum!

Jardel Lopes - Coordenação Nacional 

segunda-feira, 27 de abril de 2020

PÓS PANDEMIA: E AGORA PARA ONDE IREMOS?

A quem diga, que o homem é cabeça-dura, e estamos caminhando para o fim do poço e para encontrarmos a luz, Deus quer depender de você, nós,- e agora o que fazer?

Nossas atitudes e ações, só agrada a Javé, quando nos conscientizamos que nada somos e na gratuidade, deixamos ser conduzidos por (Ele), nos colocando em suas mãos, através do  batismo, nos tornando filhos amados, representantes de Deus, que leva esperança as periferias existenciais, nos confins do mundo.

As enfermidades do século, fizeram no ativismo, uma fuga do mundo real, levando parte da humanidade a fugir dos problemas de casa, da família, do trabalho, e passamos a viver em uma bolha, que foi nos levando ao fim do poço, e hoje, sem generalizar, diante da covid-19, estamos fora do quadrado, como que cegos, a procura da luz.

Carências, tem provocado um sentimento, uma ação, que vai aos pouco, manipulando as consciências, com objetivo de fazer o povo sair da segurança do seu lar, e voltar aos braços do ativismo, nas escolas, industria, comércio, e até mesmo levando os cristãos, abandonar a quarentena de imediato, para celebrar a Fé em comunidade. 

Diante do contexto, os acontecimentos vai nos deixando inquietos e nos levando a refletir a sobrevivência da humanidade, e agora para onde iremos?  

Durante o pós missões do ano 2000, em Curitiba; lembro que nos reunimos com todas lideranças da época, para um encontro de liturgia a nível de arquidiocese, que foi realizado em 10 encontros seguidos, na Paróquia São José no bairro Capão Raso, onde já se pensava ou estudava a Igreja doméstica.

Uma noite, saindo do encontro, percebi que um Padre palestrante da equipe de liturgia, ficava no portão da Igreja, com o olhar no horizonte, esperando por alguém e resolvi, parar, e conversar com o Padre.

Olá boa noite, o senhor está precisando de alguma ajuda Padre?
Sim, moro longe, estou sem veículo, e estou esperando, se passa alguma liderança conhecido de minha paróquia, para uma carona, mais parece que já foram embora.

E ali no portão da Igreja, começamos a conversar, o encontro de liturgia: o pão da vida a palavra partilhada e após o dialogo, disse: Padre vou rezar por você. 

Irmãos de caminhada, é possível que para os próximos anos, nós, ou muitas outras pessoas que conhecemos, não esteja mais na casa comum.

Após a pandemia, o mundo não será mais o mesmo, se aqueles que estiver no fundo do poço, encontrar o caminho, e com maturidade, transmitir as próximas gerações com gratuidade a fé.

Sabemos que a pandemia poderá levar um longo tempo, e porque não realizar as formações através das redes sociais, para que o povo, tenha formação? 

Clique AQUI e visualize a 2° parte da reflexão. E agora para onde iremos?

Matéria: Tarcísio Cirino
27-04-2020

quinta-feira, 23 de abril de 2020

O CHAMADO: QUANDO DEUS CHAMA!

A noite voltou, e naquela família a preocupação com o futuro dos filhos aumentava, diante da conjuntura social, feita de sofrimentos, onde os pais rezavam, sem saber o que esperava no amanhecer do novo dia. 

No amanhecer a Mãe acordou o filho e disse: acorda, acorda, temos visita, e sem compreender a luz do novo dia, a criança com 9 ou 10 anos, se levantou depressa, e foi na alegria com os pais, fazer a primeira refeição, na companhia da visita.

O visitante, com um belo sorriso no rosto que nascia da alma, colocou a mão na cabeça da criança e disse: Deus tem uma bonita missão para você, eu sou Pe.Tobias, e vim de longe de um seminário da cidade de Ponta Grossa, conhecer a família e fazer um convite.

Você já pensou em ser Padre?

Não, precisa responder, pense: eu vou rezar Missa agora, aqui em sua casa, e durante o ano, voltarei outras vezes, rezar, e você poderia ser o coroinha, comigo, nas casas, dos vizinhos na região, enquanto pensa no convite.

O visitante parecia conhecer o futuro e rapidamente conquistou a família, os vizinhos, voltando muitas outras vezes, como um Padre amigo, mais a criança era filho único e foi como leigo, seguindo o caminho.

Uma década depois a criança, agora um jovem de 19 anos, morando na vila Lindoia em Curitiba, fazendo parte dos paroquianos da Paróquia Menino Jesus de Praga; ouviu nos avisos da Missa, o pároco dizer: Se você é jovem e conhece alguém que está precisando conversar com um Padre abençoado, ou conhece alguma família que está enferma, precisando de médico, no próximo mês na Paróquia São Cristóvão, teremos a visita de um Padre, que vem de longe, conversar com as famílias que precisa receber a graça de Deus.

Alguma coisa tocou o coração do jovem, que esperou todos sair da Igreja e perguntou ao Pároco. Não compreendi bem a data, que dia é mesmo que esse Padre abençoado, vem trazer a graça de Deus, e vai estar na Paróquia São Cristóvão?

No amanhecer da data agendada, o jovem levantou bem cedo, e foi até a Paróquia São Cristóvão, e chegando lá, foi surpreendido ao chegar no local.  

Com o mesmo sorriso que nascia da alma, olhos fixos, erá o mesmo, Pe.Tobias, que um dia visitava nossa pobre casa, no interior do Paraná.

Naquele dia, nos abraçamos, conversamos sobre nossas famílias e comecei a compreender que Deus, se apresenta por linhas tortas, através do rosto de uma pessoa.

Na sequência, mudamos de bairro na capital paranaense, e nunca mais encontrei o Padre de Ponta Grossa, e um dia, muitos anos depois, fiquei sabendo, que o Pe.Tobias, faleceu, e naquele momento, diante da notícia no rádio, chorei de saudades.

Agora, em meio a pandemia, estou ficando velho e não quero esquecer de homenagear e agradecer o bom salesiano.

Recordações: Tarcísio Cirino
23-04-2020 ( 1° Parte )

sábado, 18 de abril de 2020

PREPARAR PARA O IMPACTO: PANDEMIA PODERÁ LEVAR 2 ANOS.

A forte liderança de Moisés, no epicentro da epidemia, levou o faraó, a endurecer o coração, levando o país ao caos, diante da sua geopolítica, com o êxodo do povo de Deus, rumo ao paraíso.

Nos dias atuais, estamos vivendo uma caótica, situação, na conjuntura social, onde pastores empresários no congresso, parece ter algo comum, com os interesses dos grandes conglomerados industriais e financeiros da bolsa de valores, que no momento, pressionam o governo, para que os ( Prefeitos, Governadores) capitães do mato, arraste o povo de volta a casa grande, para dar inicio as atividades, e os coronéis, possam retomar o crescimento da economia, no país.

Cientistas que estão trabalhando nos laboratórios, para encontrar a cura da covid-19, na Alemanha, Estados Unidos, e outros países, afirmam que essa pandemia, vai levar cerca de 2 anos, e nos próximos meses é possível que tenhamos um medicamento para amenizar a expansão da doença e não a cura, pois a vacina só é possível a longo prazo, no futuro.

Diante do contexto: Deus tudo pode e quer depender de cada um de nós, para reconstruir a casa comum, e para isso, precisamos em um só coração, trabalhar a Igreja doméstica, através dos meios que possuímos, pressionando governos, a conversão, para que nossos familiares e todo povo, tenham recursos para sobreviver e não se perca, diante da pandemia. 

Na hora de Deus, alcançaremos o milagre da vacina da cura, mais, por enquanto, é preciso humildade, dar uma mão para o espirito santo e com paciência, aguardar com esperança, a cura, nos conscientizando do momento em que estamos vivendo, no país, onde sem a sabedoria, podemos estar caminhando para uma catástrofe, sem precedentes, e Javé quer depender de você, para que possamos viver e ser sinal na história, seguindo as orientações da OMS e ficando em casa. 

Matéria Reflexão: Tarcísio Cirino
18-04-2020

terça-feira, 14 de abril de 2020

GUAYAQUIL A CAPITAL DAS CAPELINHAS, ENTROU EM COLAPSO DIANTE DA PANDEMIA.

A cidade de Guayaquil, desde 1888 no Equador, é bastante conhecido, em especial, entre os marianos, por ser a cidade onde nasceu o movimento de capelinhas de Nossa Senhora, de onde, rapidamente se espalhou pelo mundo, influenciando o nascimento de outros movimentos de capelinhas no seguimento cristão.

O Equador, não levou a sério a COVID-19, com as orientações da OMS: Organização Mundial da Saúde e hoje, está sofrendo as consequências da falta de responsabilidade, com a catástrofe, que assolou a bela Guayaquil, sendo o epicentro da pandemia, que já colocou em colapso os hospitais, funerárias e necrotérios do país.

O vírus que ataca o pulmão da humanidade, levou famílias inteiras, a conhecer de forma prematura a morte, deixando durante, dias, corpos abandonados dentro das casas, e pelas avenidas, onde os falecidos, na rua, praças públicas, morreram diante do colapso na estrutura do sistema de saúde. 

No momento, o governo do Equador, informou que os necrotérios estão lotados, e cerca de 800 corpos falecidos, foram retirados das casas, e outros ainda precisam ser retirados das  residencias, segundo nos informa, veículos de comunicação de Guayaquil, que vem noticiando, que, muitos corpos na rua, estão sendo queimados pelo povo.

Familias da casa comum, nos diversos países, fiquem em casa, e siga as orientações da OMS, e de suas dioceses, para que não aconteça em seu país, e com os seus familiares o que está acontecendo no Equador.

Matéria: Tarcísio Cirino
14-04-2020

domingo, 12 de abril de 2020

A RESSURREIÇÃO: NOVO FILME DE MEL GIBSON

O mundo aguarda com muitas expectativas, a reflexão atualizada do filme a Ressurreição, que é a segunda parte da produção cinematográfica: Paixão de Cristo, que estava previsto em 2019, para lançamento na semana santa de 2020.

A paixão de Cristo de 2004, estrelado por Jim Caviezel, que interpretou - Jesus, na produção do diretor e ator católico: Mel Gibson, é o filme ainda nos dias atuais do seguimento cristão de maior bilheteria.

Nos dias de Jesus, a religião tinha perdido a sua essência, e estava politizada, com o templo, transformado, em um negócio de múltiplos interesses e de repente, para-se cumprir as profecias, o eterno se apresenta na conjuntura da época, através de Jesus Cristo, que se apresenta como o filho de Deus.

Mel Gibson em 2004, no primeiro filme da paixão de Cristo, mostra os últimos 12 dias do filho de Deus, desde o Getsêmani até o momento último da crucificação no alto do monte.

Agora o diretor da paixão de Cristo, promete surpreender o mundo, em breve; com a reflexão, da última cena da ressurreição, mostrando a angústia dos discípulos após a crucificação, com o comportamento do império, sacerdotes, movimentos políticos, e apóstolos , durante a repercussão da Ressurreição.

Ele está vivo, e agora, o que fazer? 

O filme promete! 
Interessante que estamos em tempos de pandemia, e talvez isso tenha impedido o lançamento na semana santa 2020, o que pode melhorar ainda mais a produção cinematográfica. 

Matéria: Tarcísio Cirino
12-04-2020


sexta-feira, 10 de abril de 2020

ENTREVISTA COM NOSSA SENHORA.

Pregadores através das redes sociais, seja eles católicos, ou de outras religiões, parece, que todos tem algo em comum, pois dizem que diante das tecnologias, o ritmo do consumismo no mundo, ficou demasiadamente acelerado, competitivo, estressante, e alguma coisa estava para acontecer, para que a vida na fé, fosse vivida e contemplada. 

Muitos até dizem que após a pandemia da COVID-19, o mundo não será mais o mesmo, será tudo diferente, pois, viveremos após a quarentena prolongada em um novo mundo, que passou por um processo de conversão, onde as pessoas, olharam para o próximo de um jeito diferente, com mais empatia, humildade, solidariedade, caridade, espiritualidade, e fico a refletir: nossa, como é possível?  

Será que Deus, permitiu um vírus de morte, para o mundo nascer de novo? 

Contemplando e refletindo a paixão de Cristo, o espírito nos inspirou a pensar e se Nossa Senhora, estivesse presente em nosso meio, na conjuntura da pandemia atual, e fizéssemos uma entrevista com a Mãe, como será que a Imaculada Conceição, responderia as nossas perguntas e inquietações?   

Veículo da Missão: Mãe querida, estamos angustiados, tristes, com a crucificação do seu filho e compreendemos sua dor e sofrimento, com a  enfermidade do pecado que tomou conta do mundo, diante de tantas pandemias que está levando os seus filhos a morte. 

Oh Mãe, tu que és a nossa advogada, intercede por nós, diante do sofrimento que as famílias estão vivendo diante da morte dos familiares e amigos, para que possamos reconstruir a vida na força do seu filho Jesus.

Nossa Senhora: Filhos meu coração está aflito, e tenho derramado lágrimas de sangue, durante séculos, ao ver meu nome ser usado por interesses políticos de governos, a oprimir o projeto de amor, que na gratuidade meu filho Jesus, veio trazer do Pai e consumou na cruz, para a salvação de toda humanidade.

Veículo da Missão: Mãe, no caminho, temos acompanhado as suas aparições, em diversos lugares do mundo, como saber se realmente essas mensagens, vem da Senhora?

Nossa Senhora: Salve a espiritualidade do silêncio e viva esse tempo de quarentena em família na sua casa.  

Desde que o anjo anunciou o nascimento do meu filho Jesus, e diante de sua vida, morte e ressurreição, guardo em meu coração, os acontecimentos, e todos, em especial os batizados em suas alegrias, tristezas, sofrimentos, estou a interceder nos momentos difíceis por cada um dos filhos. 
 
Vulcões e terremotos, antes do grande evento, envia os sinais, e depois em um segundo momento, se deslocam no abismo, lançando com força as energias acumuladas, para a terra, através da fenda, fazendo a sua volta o mundo tremer.

Quando entrares em seu quarto para oração, rezem pela conversão da Igreja, e no fim do retiro da quarentena saberá discernir onde está a verdade e a pandemia cessará. 

Reflexão: Tarcísio Cirino 
10-04-2020